segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Batismo tricolor


Não vou falar sobre a eliminação. Não vou falar sobre a bola que bateu na trave no finzinho nem sobre a sequência de 6 anos a serem completados em 2015 nesse inferno chamado Série C. Isso aí todo mundo viu, todo mundo sabe. Foi frustrante, rendeu algumas gozações dos amigos rivais, mas entendo que perder faz parte do esporte. Até porque se ganhasse sempre nem haveria necessidade de torcer. Seria uma chatice.

Eu estou retomando as postagens no blog pra falar sobre o dia em que eu passei a torcer Fortaleza pela segunda vez. Em tempo, eu nunca deixei de torcer pro Tricolor do Pici. Mas o último sábado... ah o dia 25/10/2014 foi um dia especial... Foi o meu batismo tricolor!

Uma definição para batismo é “um testemunho exterior da mudança interna na vida de um crente.” Logo, o batismo tricolor foi a confirmação e a renovação da minha crença e da paixão pelo Fortaleza Esporte Clube.

A título de lembrança, a primeira vez que comecei a torcer pro Leão foi a mais de 20 anos quando um tio passou a me levar pro estádio pra vibrar com as cores e a magia d'Aquelas camisas, como eu já havia postado aqui no blog. A segunda vez foi ontem. O dia em que eu cheguei cedo no estádio pra fazer o esquenta e ver a festa daquela torcida que coloria os arredores de vermelho, azul e branco. O dia em que eu vi na cara de todos os presentes a paixão em torcer por um time. O dia que eu entrei no estádio com mais de uma hora de antecedência com medo de não conseguir assistir ao jogo sentado (quem me conhece sabe que eu só chego com a bola rolando). O dia em que o futebol brasileiro testemunhou o maior público da temporada 2014, de todas as 4 divisões. O dia em que a moderna Arena Castelão registrou o maior público e a maior renda de uma partida de futebol. O dia em que eu vi uma torcida fazer a mais linda festa num estádio.

Senhoras e senhores, foi excepcional! Não bati fotos, não filmei... Eu só conseguia aplaudir e soltar o velho e bom PQP. Assim, como sugere a caixa alta: sonoro, com todas as letras bem pronunciadas. E nesse momento eu me emocionei. Como nunca havia me emocionado por causa de futebol. Enchi os olhos de lágrima e tive certeza de que eu tinha escolhido certo. Ou melhor, fui escolhido. Como dizia a mensagem de aniversário (96 anos completados em 18 de outubro!) publicada na página oficial do clube: “Somos o Clube da Garotada, o Parque dos Campeonatos. Amamos “Aquelas camisas”. Aprendemos ao nascer que ser Fortaleza é ser escolhido para viver fortes emoções!” E que emoções...

Com o resultado do último sábado, o Fortaleza pode ter deixado de angariar alguns torcedores. Mas me ganhou... outra vez!

Pra quem não viu:


Até mais ver ;)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lições da vida


A última terça-feira caminhava pra ser um dia comum da minha agradável rotina. Como de costume, acordei cedo, fui à academia, depois fui trabalhar e, já no começo da noite, me preparava para tomar o metrô para ir à universidade. A estação onde costumo embarcar fica próxima a um McDonalds, com um estacionamento relativamente amplo para os clientes da lanchonete. O que ocorreu naqueles minutos seguintes acabariam por se converter numa lição de vida valiosa. Esses tapas na cara com luva de pelica que tomamos do invisível.

Eu, que já estava super atrasado pra aula, caminhava nesse estacionamento quando parou um Renault Logan preto que fumaçava como uma chaminé, exatamente na vaga ao lado de onde eu estava. Uma senhora com cabelos brancos conduzia esse carro e no banco do passageiro havia uma criança com Síndrome de Down. Pois essa senhora baixou o vidro e me perguntou se eu tinha ideia do que estava acontecendo, que fumaça poderia ser aquela no carro dela.

Eu, muito solícito apesar da pressa, dei uma olhada no painel do carro e percebi logo a luz vermelha indicadora de problema de aquecimento do radiador (já tive um Ford Fiesta... entendo bem de aquecimento do radiador!). Então eu expliquei que provavelmente o nível de água do radiador estava baixo e que por conta disso havia ocorrido um superaquecimento das peças, que ela precisaria aguardar uns minutinhos (ou jogar água por cima do radiador para resfriá-lo) e assim abrir o bucal para por água até o nível indicado. E, finalmente, orientei-a a buscar auxílio na lanchonete para que alguém a ajudasse com isso.

Saí de lá e entrei na estação acreditando ter feito uma boa ação... ajudei a senhora com o problema do carro dela! Mas foi a porta do metrô fechar e meus pensamentos voltaram naquela cena. E as perguntas martelaram a mente: Ajudei mesmo? Teria conseguido essa pobre senhora pedir ajuda na lanchonete? Como é que ela deixaria o menino sozinho no carro? Quanto tempo ela ficou lá esperando ajuda?

E então eu me senti um lixo! O remorso cresceu de um jeito que eu senti vontade de chorar. Me dei conta de que eu havia acabado de agir como um completo idiota, como um robô sem sentimento, sem o menor tato no relacionamento com as pessoas. A correria do dia a dia, esse ritmo insano que eu tenho encarado minha rotina estão me fazendo perder a noção de algumas coisas que realmente são importantes.

Foi difícil dormir aquela noite. Eu só queria ter a chance de poder fazer tudo diferente, de me atrasar uns 15 minutos pra aula, mas ajudar aquela senhora que precisava de mim. Sei que essa chance não existe, mas felizmente abri os olhos naquele momento. A vida é uma só... e é curta. Preciso aproveitar melhor cada instante, ser feliz e ajudar ao próximo. Mais uma valiosa lição da vida.


Até mais ver ;)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Fala pra mãe



Cá estou eu novamente depois de um longo hiato. Cinco meses se passaram e muita coisa aconteceu. Fiquei mais magro, viajei novamente ao exterior, depois fiquei mais gordo, continuo cursando Ciências Econômicas, apaixonado por Mercado Financeiro, correndo pelas ruas de Brasília, ouvindo hardcore (Live fast, die young!) e torcendo (sofrendo também) pelo glorioso Fortaleza Esporte Clube, o time que, atualmente, joga como nunca e perde como sempre!

Vale outro registro: Nessa última semana o blog completou um ano de vida. Parece que foi ontem... Olho para aquele mês de maio de 2012 e me lembro de como eu estava angustiado, com uma vontade enorme de expor tudo o que eu sintia... Foram tempos difíceis após um relacionamento de 1 ano e meio terminado alguns meses antes. Escrever acabou se tornando uma grande terapia pra mim. Era como um ritual das noites de domingo: escolher uma boa trilha sonora que fosse apropriada ao momento, abrir o editor de textos e sentir a postagem se materializar. Talvez os posts meus de cada madrugada de segunda-feira não sejam lá tão bons, mas vos digo que são de uma sinceridade ímpar.

Reli cada uma dessas postagens, lembrando com carinho de cada momento do processo de criação (e das fatos narrados em si). E um sorriso enorme se escancarou no meu rosto quando li a última postagem, especificamente. Foi outra dessas percepções que eu tenho de vez em quando sobre como a vida realmente é intrigante e fascinante: apenas cinco dias após escrever que 'O mundo está cheio de gente interessante esperando pra cruzar o meu caminho', eis que conheci a menina que mais tarde se tornaria a senhora primeira-dama, minha digníssima namorada Mirela.

Desde o dia 13 de fevereiro de 2013 ela me faz esquecer de todos os problemas do mundo, me faz andar por ai sorrindo que nem bobo, fazendo planos infalíveis que matariam de inveja o Cebolinha ou o Cérebro. Então, nessa segunda-feira, exatamente no dia em que completamos 3 meses de muito amor, cumplicidade e companheirismo, quero deixar registrado aqui o mais sincero agradecimento por todo o bem que ela tem me proporcionado.

Quanto ao blog, continuo não tendo muita coisa importante e/ou interessante pra falar, mas fala pra mãe que eu tô de volta!

Até mais ver ;)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Custo de oportunidade



Na primeira aula que eu tive no curso de graduação em Ciências Econômicas, aprendi o significado do termo 'Economia'. Uma das definições é o 'estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos'. E por escassez econômica entendemos a limitação físico-quantitativa de recursos de produção. Ou seja, pela escassez econômica a sociedade não pode produzir todos os bens e serviços que as pessoas desejam ter.

Isso nos leva ao conceito seguinte, que é o 'Custo de oportunidade'. Por não poder ter tudo o que queremos, chegamos a um dilema: Se eu escolho A, deixo de escolher B. Se eu escolho B, deixo de escolher A. A lógica é simples: eu possuo um real para comprar um doce e no restaurante vendem brigadeiros e beijinhos, a um real cada. Então se eu comprar o brigadeiro, deixarei de comprar o beijinho, e se eu comprar o beijinho, deixarei de comprar o brigadeiro. (Incrível como eu sempre penso em comida! Escreverei sobre isso um dia...)

Engana-se, porém, quem imagina que o custo de oportunidade aplica-se apenas à economia. A nossa vida é feita de escolhas. Escolhemos o que comprar, que carreira seguir, com quem se relacionar, por aí vai... E cada uma dessas escolhas implica em abrir mão de outras coisas.

Com alguma frequência eu penso nas pessoas que passaram, estão e passarão pela minha vida. Entre amigos, considerados e conhecidos, tenho contato com gente dos mais variados tipos. Cada um deles me acrescenta algo e sua companhia, por consequência, faz com que eu não esteja ao lado de outras pessoas com qualidades distintas.

Penso que o grande segredo das relações interpessoais seja justamente definir qual o custo dessa oportunidade. Até que ponto estar ao lado de alguém me acrescenta mais do que me tira? É uma percepção bastante sutil que, as vezes, não conseguimos tê-la. Aqui, mais uma semelhança com a economia: o homo economicus (aquele cujas ações são tomadas abstraindo-se conceitos morais, éticos, religiosos, políticos, etc. em prol da otimização do consumo e da produção) só existe na teoria! Muito embora tentemos agir racionalmente, somos tomados pela paixão, e por isso nem sempre fazemos as melhores escolhas.

De toda forma, tenho tentado exercitar um pouco esse meu lado racional. Acho que tem alguma relação com o fim de ano, quando as empresas fecham para fazer o balanço do exercício e a projeção do exercício vindouro. Estou buscando me afastar daqueles que pouco (ou nada) me acrescentam. O mundo está cheio de gente interessante esperando pra cruzar o meu caminho e, como diria Sir Paul McCartney, "Life is very short and there is no time for fussing and fighting, my friend!"

Até mais ver ;)

PS: Eu compraria o beijinho! :D

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Assim caminha a humanidade



Esses dias estive assistindo o noticiário quando me chamou a atenção as notícias veiculadas sobre os protestos no mundo árabe contra um filme anti-islã recém divulgado na internet. Dezenas de pessoas mortas nos países islâmicos, desde civis a oficiais de Estado. Com tanta polêmica envolvida, tive despertada a curiosidade de assistir esse vídeo no Youtube.

De verdade, depois de assisti-lo, ratifiquei a tese de que todo radicalismo é burro. De ambas as partes!

O filme é extremamente ruim, chega a ser trash. Faz umas críticas ao profeta Maomé de uma maneira jocosa, bem infantil. Uma produção super barata com diálogos extremamente superficiais. Não sei como alguém pôde levar isso a sério. 

Os árabes, por outro lado, estão matando por causa de um filme sofrível, alegando blasfêmia contra a religião deles. Difícil crer que alguém se sentiu ofendido por isso. Além do mais, que religião é essa que consente, sob qualquer aspecto, a retirada de uma vida? Difícil de entender. Acho que se esse 'Deus' no qual eles acreditam dá às pessoas o dom da vida, somente ele pode decidir pela retirada dela. E aqueles que dizem que o fazem pela vontade de Deus, esses faltam com a verdade.

Infelizmente as pessoas levam as coisas a sério demais. Vão tão fundo em uma crença que parecem perder a capacidade de discernimento. O resultado disso tudo é essa 'guerra santa' infindável. Quantos mais precisarão morrer por causa disso?

Assim caminha a humanidade...

Até mais ver ;)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crenças



Eu acredito em algo superior que iniciou o universo. Alguns o chamam de Deus. Mas não consigo vê-lo de túnica e barba branca. Tampouco consigo imaginar que se eu não me comportar bem vou parar em um inferno de fogo e brasas.

Eu acredito que existiu um homem que pregava a paz no mundo há dois mil anos atrás. Acredito que sua causa era justa, mas não consigo imaginar que os que não o seguiam não gozariam da vida eterna.

Eu acredito que o mundo é pequeno demais para 7 bilhões de pessoas e que se cada um não fizer sua parte estaremos fadados ao extermínio. Que se não vivermos harmoniosamente, respeitando ao próximo e à terra em que vivemos, estaremos realmente fadados ao extermínio.

Eu acredito na justiça terrena. Penso que o que aqui se faz, aqui se paga. Que tudo que colhemos nessa vida é fruto daquilo que plantamos.

Eu acredito que ninguém é perfeito. Que todos possuem defeitos e virtudes e que se não aprendermos a conviver com os nossos, não estaremos hábeis a entender, aceitar e perdoar os dos outros.

Eu acredito no amor verdadeiro, na instituição do casamento e na constituição da família.

Eu acredito na força das amizades verdadeiras. Acredito que devemos cultivar todas as nossas relações pois são como flores que precisam de água. Algumas de mais, algumas de menos, mas todas precisam dela para continuarem vivas.

Eu acredito que a felicidade está em cada pequeno detalhe e que precisamos de muito pouco para sermos felizes.

Eu acredito que viveremos mais se sorrirmos mais, se nos preocuparmos menos e se exercitarmos nossos corpos e mentes.

Eu acredito que o Fortaleza é o melhor time de futebol do mundo.

Eu acredito que no dia que eu deixar de acreditar é porque já não estarei mais nesse plano material. E espero que, quando esse dia chegar, minha passagem por essa vida tenha sido marcante para o maior número possível de pessoas.

É assim que sou. Essa é minha essência.

Até mais ver ;)

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Otimismo Incorrigível


"- Você é um iludido!

A frase, atirada assim de supetão, fez a discussão atingir seu apogeu. A conversa começara meio desanimada, com a mesa repleta de tricolores a lamuriar o empate contra o Santa Cruz. Mas bastou que Moésio, o otimista incorrigível, dissesse que ainda acreditava na classificação, para que os ânimos se exaltassem.

- Você tá louco, Moésio? - disse Cristiano

- Louco nada! Basta que... - e seguiu tecendo inúmeras possibilidades sobre os próximos confrontos. Se Oswald de Souza estivesse ali no bar, na mesa ao lado, sentaria junto pra rever os próprios conceitos.

E Moésio era assim mesmo. Tricolor desde a primeira encarnação, adquiria um olhar sério quando falava de suas vidas passadas. A que mais admirava era quando, segundo ele, inventou o ritual de jogar cristãos aos leões, no século I.

- Na verdade, - gostava de salientar quando contava a história - não é que eu tivesse algo contra os cristãos. Eu gostava era de ver o Coliseu lotado, gritando "Leão, êo, Leão, eô"...

Por essas e outras é que a expectativa da mesa, quando presenciou a frase acusatória, foi às alturas. Alguns até retiraram as facas do tira-gosto de cima da mesa, enquanto os outros retiravam as garrafas de cerveja do seu alcance.

- Iludido, eu? - respondeu Moésio, estranhamente calmo. - Rapaz, a gente se ilude com mulher, político e patrão. A mulher pode fugir com o padeiro, o político roubar a merenda escolar e o patrão prometer aumento. No que é que eu vou me iludir com o Fortaleza? Se o time chegar na última rodada precisando vencer por 10 a 0 e fizer o primeiro gol aos 40 minutos do segundo tempo, eu vou gritar "só faltam nove".

Aproveitou a risada de aprovação da turma para uma golada na cerveja. Continuou a falar com o copo na mão:

- E tem mais. Eu posso até arrumar outra mulher, votar noutro candidato ou procurar um novo emprego. Mas se meu time não se classificar, eu vou ter que procurar outro? Não sei você, mas o Fortaleza faz parte da minha vida. Faz parte dos meus sonhos. E antes que morram os meus sonhos, prefiro morrer com eles.

Com a frase final dita em ritmo de discurso, a galera não se segurou. Uma saraivada de palmas foi disparada em minutos intermináveis. Por muito pouco não o carregaram nos ombros, em procissão pelo bar."

Crônica de Odilon Araújo, originalmente publicada em 18/10/2004 na página oficial do Fortaleza Esporte Clube (www.fortalezaec.net). Essa é, meus amigos, a tradução mais fiel do que é torcer pro glorioso Leão do Pici!

Até mais ver ;)